Por Willian Gomes. Hoje sexta-feira, 11 de setembro, é celebrado o dia do Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro e savana mais biodiversa do planeta, vem sofrendo com o avanço do desmatamento nas últimas décadas, estima-se que mais da metade do seu território tenha sido degradado de alguma forma. Em 2020, completa vinte anos que o bioma passou a ser considerado uma das áreas prioritárias para conservação em escala global (hotspot). Nesse contexto de degradação, a restauração ecológica é apontada por muitos pesquisadores como melhor alternativa para restituir a biodiversidade e funções ecológicas perdidas com a degradação. O déficit de sementes nativas é considerado um dos grandes gargalos do processo de restauração ecológica não somente no Cerrado ou no Brasil, mas no mundo. Em razão do grande passivo ambiental do Brasil, são necessárias toneladas de sementes, seja para fazer mudas ou para semeadura direta. As sementes nativas fomentam a cadeia da restauração ecológica. Contudo, o papel das sementes não se limita apenas ao de insumo para atender o processo de restauração ecológica, mas desempenha uma função social muito relevante, levando renda para os atores envolvidos na coleta de sementes nativas. Existe a expectativa da geração de cerca de 30.000 empregos por ano até 2030 para pessoas que trabalham diretamente na coleta e beneficiamento de sementes nativas no Brasil. Uma das grandes lacunas desse processo é o coletor. Uma pergunta recorrente feita pelos restauradores é "Quem irá coletar as sementes?". Agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas e indígenas são encarados como público prioritário para desempenhar essa função chave na cadeia de produção de sementes nativas. Entretanto, para que isso aconteça na prática, é necessário um trabalho de transformação da mentalidade, especialmente na forma como o Cerrado é visto por essas comunidades locais. A experiência da VerdeNovo demonstra que, ao entender a importância do Cerrado e da possibilidade de geração de renda com o bioma, antes visto apenas como mato, essas pessoas se sentem motivadas para realizar a atividade de coleta e de conservar o Cerrado. O sentimento de pertencimento provocado pela atividade de coleta de sementes nativas, transforma essas pessoas em verdadeiros guardiões do bioma. Termino com uma reflexão, como empresas influenciamos de duas maneiras, manipular ou inspirar, escolhemos a segunda.
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AutorWillian Gomes é o Diretor de Consultoria e Conhecimento da VerdeNovo. Arquivos
Setembro 2020
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Setembro 2020
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