Por Bárbara Pachêco. “Você é muito criativa. Queria que você só obedecesse.” Quando olho para o meu hoje e me pergunto: “onde nasceu essa mulher empreendedora?” sempre retorno ao momento que ouvi essa frase. Era um dia de trabalho normal e como sempre eu estava fazendo minhas tarefas diárias e pensando nas melhores soluções para os problemas tão diários de uma funcionária comum. Ao me deparar com mais um de tantos problemas, que requeriam uma solução rápida, decidi pelo pior caminho: solucionar. Que loucura não? Nesse dia, ao ouvir o que ouvi e ao me sentir como senti, decidi que minha vida precisava de um novo rumo. E não pense você que depois dessa conclusão linda eu cheguei em casa chutei o balde e fui ser feliz....aaaaaaah tá. Quem dera tudo fosse assim tão simples não é mesmo?! Como Alice que indaga o gato Cheshire: “pode me dizer qual caminho devo seguir?”. Eu comecei a me questionar e precisei de um certo tempo para ver que onde estava não me cabia mais. Seria muito injusto eu oferecer para o mundo somente uma obediência eterna e nada insurreta. Seria até mais fácil, mas eu simplesmente não sabia (e não sei) fazer somente isso. Demorou, pois tudo tem seu tempo. Precisei plantar tantos motivos para ir colhendo aquela força aos poucos. Quando encontrei o fruto no ponto colhi e segui. Hoje olhando para minha jornada entendo o papel daquela frase na minha vida... ali a semente dormente, que já estava em mim, foi despertada...e assim germinou a empreendedora. A VerdeNovo foi a revolução, a transgressão, o despertar. Em setembro de 2016 nasceu a Bárbara com um sobrenome que não era o de batismo: CEO. Quando fundamos a empresa muitas eram as dificuldades que se apresentavam na nossa frente. Falta de dinheiro, falta de estabilidade, falta de local de trabalho, falta de modelo de negócio, falta falta falta. Se listasse aqui todas as “faltas” que tínhamos vocês nos julgariam loucos. Talvez até sejamos né?! Mas quem disse que o mundo não precisa de um punhadinho de loucura rs. Os pensamentos limitantes não podiam ser o caminho, essa era a certeza maior e nisso focamos. Hoje já se vão 4 anos de história e tantas reconstruções. A VerdeNovo se tornou meu “ver de novo”. Os negócios são expressões das pessoas que os conduzem e assim precisam ser. Comigo e com a VerdeNovo não é diferente. Somos separadas em tantos sentidos (conta no banco, por exemplo rs), mas não posso dizer que não somos parte uma da outra. Talvez um alter ego e por isso é tão fácil não conhecer os limites que tantos me cobram. “Você trabalha muito, você não tem vida, você não para, você é inquieta demais”. Sim, tudo isso é real. Mas te pergunto: como não ser se esse foi o caminho que escolhi seguir e isso é o que sou?! Aqui faço um parêntesis para um fato divertido que vivi. Quando fui tirar meu visto para os EUA, aquela velha sonhada viagem para Disney (rs), me deparei com o julgamento sobre o que é ser empreendedora. O senhor entrevistador pegou meus documentos e começou toda aquela sequência de perguntas “quem você é de onde veio para onde vai”. Na hora que o assunto entrou no quesito profissão eu tinha certeza de que aquele balançar de cabeça me daria um belo “não”. O moço da embaixada iniciou o diálogo assim: “e você tinha um trabalho estável e virou empreendedora foi?”. Eu respondia “foi moço”; “como isso é possível, isso não tá certo...muito incerta sua vida, muito incerta”. Eu acredito que naquele momento eu dei um nó na cabeça daquele cidadão de fala sotaqueada e a cada resposta minha de “sim, virei empreendedora” ele simplesmente, como que incrédulo, balançava a cabeça. Tenho certeza que ele pensava “essa ai não volta da Disney é nunca. Vai ficar ilegal com certeza” (risos). A cada sinal negativo eu via meu sonho de conhecer a Minnie escorrer pelos meus dedos. A frase final veio da seguinte forma: “como você fez isso? sua vida não tem o menor sentido, isso não tem como dar certo” (balançando a cabeça, vale recordar). Como mais um daqueles momentos que tudo para num milésimo de segundo me senti no Matrix, de frente para o Morpheus, naquela cena cláaassica, e sendo indagada: - “eu imagino que deva estar se sentido um pouco como alice, meu caro Neo, escorregando pela toca do coelho...se tomar a pílula azul fim da história, você volta para sua cama e será como se nada tivesse acontecido. Se tomar a pílula vermelha fica no país das maravilhas e vou te mostrar onde vai a toca do coelho”. Talvez minha vida não tenha mesmo o menor sentido, mas nem tudo se resume a ter sentido por aqui, não é mesmo? É incerta sim, mas não seria essa a maior característica da vida?
Voltei do meu milésimo de segundo e respondi ao cidadão que balançava sem parar a cabeça: “Sou empreendedora e essa “incerteza” faz total sentido para mim”. Em resposta a Alice o Gato de Cheshire respondeu: “Isso depende muito do lugar para onde você quer ir”. Hoje sei para onde quero ir e assim fica muito mais fácil enxergar o caminho que devo, e quero, seguir...as escolhas que quero fazer. Ser empreendedora é um jeito de viver e conviver, uma forma de expressão de pensamentos, atitudes, inquietudes, ações. Na minha história ela é orgânica, natural, desconfortável sempre e por isso tão atraente. Não digo que é fácil, pois seria mentira. Mas é a nota que vibra em mim...fazer o que rsrs. Como Neo, tomei minha pílula vermelha e mergulhei sem volta no buraco do coelho chamado empreendedorismo. Ahhhh! E o visto?! Depois de tanto balançar a cabeça talvez a pulga tenha ficado atrás da orelha, mas para minha sorte a incredulidade fez sentido... “visto concedido, próximo”. Texto publicado originalmente em 18 de agosto de 2020 no Blog Jardim do Brasil.
0 Comments
Leave a Reply. |
AutorWillian Gomes é o Diretor de Consultoria e Conhecimento da VerdeNovo. Arquivos
Setembro 2020
Histórico
Setembro 2020
Categorias
|